
A SBEM, através do seu Departamento de Adrenal e Hipertensão, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com insuficiência adrenal. O documento explica que, em função da transmissibilidade e morbimortalidade da Covid-19, é necessária a vacinação em massa da população e que a presença de insuficiência adrenal não constitui uma contraindicação para a vacinação.
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Posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM): Vacinação contra SARS-CoV-2 em pacientes com insuficiência adrenal A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), por meio do seu Departamento de Adrenal e Hipertensão, vem se posicionar em relação à vacinação contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) em pacientes com insuficiência adrenal. Considerando a transmissibilidade do novo coronavírus e a morbimortalidade associada à COVID-19, torna-se necessária a vacinação em massa tanto para controle da transmissão quanto para redução da morbidade e mortalidade pela COVID-19. Embora ainda não exista uma lista completa de contraindicações para uso das vacinas contra SARS-CoV-2 e, considerando os ensaios clínicos em andamento e os critérios de inclusão/exclusão utilizados nesses estudos, entendemos que a insuficiência adrenal não constitui uma contraindicação para a vacinação. Além disso, especificamente pacientes com insuficiência adrenal estão sob maior risco de COVID-19 e maior risco de complicações devido ao potencial de uma crise adrenal. Até que tenhamos mais dados sobre as vacinas contra o novo coronavírus, as prováveis contraindicações, de acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, são: 1) Indivíduos menores de 18 anos de idade (o limite de faixa etária pode variar para cada vacina, de acordo com a bula); 2) Gestantes; e 3) Pessoas que apresentaram histórico de reações graves, inclusive alérgicas, após o uso anterior da vacina contra a COVID-19 ou de algum de seus componentes. Assim, recomenda-se que, antes de qualquer vacinação, sejam verificadas nas bulas as informações fornecidas pelos respectivos fabricantes. Além dessas contraindicações, precauções temporárias devem ser adotadas diante das seguintes situações: 1) Em caso de doenças agudas febris moderadas ou graves, recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução do quadro; e 2) Em caso de infecção confirmada por SARS-CoV-2, idealmente a vacinação deve ser adiada até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas. Tão importante quanto a vacinação contra o novo coronavírus é manter em dia a vacinação contra as outras doenças imunopreveníveis. Os pacientes com insuficiência adrenal primária (p.ex., doença de Addison, hiperplasia adrenal congênita) e secundária (p.ex., hipopituitarismo, uso crônico de doses suprafisiológicas de glicocorticoides), em seu tratamento crônico, utilizam doses fisiológicas de reposição: hidrocortisona 20-30 mg (10-20 mg ao acordar e 10 mg a tarde) ou prednisona 5 a 7,5 mg/dia (ou prednisolona 5 a 7 mg/dia). No hipopituitarismo, a dose do corticoide pode ser mais baixa (prednisona 2,5-5 mg/dia ou hidrocortisona 15-20 mg/dia). Além da reposição de corticoide, os pacientes com doença de Addison normalmente necessitam também de mineralocorticoide (fludrocortisona 0,1 mg/dia). Para a vacinação contra SARS-CoV-2 não é necessário o aumento da dose do corticoide. Recomendamos que pacientes em tratamento para insuficiência adrenal dobrem a dose de reposição oral do corticoide apenas em caso de reações adversas à vacina, tais como febre, mialgia e/ou artralgia. Enfatizamos ainda que todos os pacientes devem seguir as recomendações de prevenção como uso de máscaras, álcool em gel e isolamento social feitas pelo Ministério da Saúde, como estratégia principal para evitar infecção pelo novo coronavírus. Rio de Janeiro, 18 de janeiro de 2021. Leonardo Vieira Neto - Presidente do Departamento de Adrenal e Hipertensão da SBEM Cesar Boguszewski – Presidente da SBEM Nacional Referências: 1. Bornstein SR, Allolio B, Arlt W, Barthel A, Don-Wauchope A, Hammer GD, et al. Diagnosis and Treatment of Primary Adrenal Insufficiency: An Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab. 2016;101(2):364-89. 2. Kaiser UB, Mirmira RG, Stewart PM. Our Response to COVID-19 as Endocrinologists and Diabetologists. The Journal of clinical endocrinology and metabolism. 2020;105(5). 3. Fleseriu M, Hashim IA, Karavitaki N, Melmed S, Murad MH, et al. Hormonal replacement in hypopituitarism in adults: An endocrine society clinical practice guideline. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism. 2016; 101(11):3888-3921. 4. Arlt W, Baldeweg SE, Pearce SHS, Simpson HL. 2 Endocrinology in the time of covid-19: management of adrenal insufficiency. Eur J Endocrinol. 2020 Jul;183(1):G25-G32. 5. PLANO NACIONAL DE OPERACIONALIZAÇÃO DA VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. 1ª Edição. Brasília, 16/12/2020.
Também tenho a mesma dúvida acima, do Juliano Valerio. Já li que só podemos tomar vacina de vírus inativo, que seria a Coronavac, procede essa informação?
Vcs são incríveis!
Dentro das vacinas disponíveis há alguma com contra indicação para quem tem insuficiência adrenal primária ou todas estão aptas para serem usadas por esses pacientes?